sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PRA QUÊ A PRESSA?




Vivemos na era das informações.
Milhões por minuto.
Às vezes é difícil filtrar tudo isso.
Saber o que é bom e o que é ruim.
As pessoas correm o tempo todo.
Não param para ouvir, ou ver, ou prestar atenção.
Ninguém quer ficar para trás.
O mundo pede pressa.
As pessoas correm tanto que se matam.
Esquecem de olhar as placas.
De que se beber, não é recomendável dirigir.
E morrem tão depressa que nem percebem.

Aos milhares que perdem a vida (tão depressa) em acidentes de trânsito todos os anos no país.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

E ainda querem as maçãs! - Opinião




Semana passada a educação brasileira mais uma vez causou estardalhaço na mídia. Não por escândalos, desvios de verbas ou novamente o velho discurso de que "a situação dos professores é péssima (isso é óbvio)". Mas por uma questão de ponto de vista.

Um professor da rede pública de Santos - SP foi afastado após fazer enunciados de questões de Matemática utilizando como exemplo situações do crime organizado, prostituição e tráfico. Foi (e está sendo) duramente criticado pela sociedade e pela mídia. Até a polícia foi acionada para investigar o professor.

Os PCNs apresentam o princípio da tranversalidade, que diz que "o compromisso com a construção da cidadania pede necessariamente uma prática educacional voltada para a compreensão da realidade social e dos direitos e responsabilidades em relação à vida pessoal, coletiva e ambiental." (PCN - MEC, 1997.) No meu ver, o que o professor fez foi apenas isso: discutiu com os seus alunos problemas da nossa realidade, apresentando situações práticas de como a Matemática pode ser utilizada. Cheguei a ver em um telejornal uma mãe dizendo que, no tempo dela, utilizavam-se maçãs. Deus proteja essa senhora, mas os tempos são outros.

Atualmente, cobra-se do professor uma posição mais crítica em relação à sociedade e que, consequentemente, ele estimule isso nos seus alunos. Uma discussão sobre nossos problemas sociais e qual a parcela de responsabilidade de cada um nisso tudo. A mídia também tem sua parcela de culpa. Ao cidadão-comum não foi divulgado se o professor tentou fazer essa problematização. Antes de um julgamento, é necessário que se analise os fatos.

Para que evitemos de esconder nossos problemas atrás de maçãs.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pensamentos soltos

Ligo a TV para ver o que acontece no país e no mundo.
Discussões sobre o salário mínimo, políticos internacionais entram em escândalos (lá fora também!)...
As pessoas ainda perdem tempo e dinheiro com os reality shows...
Levanto-me e olho pela janela. A chuva cai forte, molhando a rua, lavando os telhados e calçadas...
Em algum lugar por aí alguém observa a chuva com o coração apertado, esperando por uma boa notícia, um telefonema, uma carta...
Ninguém escreve mais cartas. A maioria manda e-mails (eu também).
Tento preservar as minhas amizades através da tela gelada do meu computador.
Muitos estão distantes, correndo atrás de seus sonhos, assim como eu dos meus.
Queria dar um abraço na minha mãe.
A chuva continua caindo lá fora.
O barulho da água caindo me faz pensar porque a chuva não leva as notícias ruins embora com ela...
Sento-me em frente ao computador e penso no que poderia escrever, em que palavras poderia dizer amanhã a alguém que fizessem com que ela pensasse diferente.
Já usei várias e não tenho a certeza se elas serviram.
Estou começando a não me cobrar mais por isso.
A chuva diminui sua intensidade, mas não a intensidade dos meus pensamentos soltos.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

O BÊBADO, A CHORONA E O PADRE (Crônicas de uma eleição)

ESSA É EM HOMENAGEM AOS 20 ANOS DE ESPERANTINA - TO.

O bêbado contava vantagem.
O padre contava as estórias.
A chorona chorava.

O bêbado não se segurava em pé.
O padre não segurava a fé.
A chorona chorava.

O bêbado ficava valente.
O padre fazia missa pra gente.
A chorona chorava.

O bêbado se metia a cantar.
O padre falava sem parar.
A chorona chorava.

O bêbado tinha a voz enrolada.
O padre se enrolava na palavra.
A chorona chorava.

O povo não acreditava no bêbado.
O povo não acreditava em Deus.
O povo sentiu dó.
E abraçou a chorona.
Mas o choro era de mentira.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Ictu oculi

Hoje, na escola onde trabalho, tivemos uma celebração religiosa por parte de um grupo evangélico que faz missões pelo país.

Fizeram uma oração, cantaram algumas canções, essas coisas de praxe, na tentativa de fazer com que alguém no meio da multidão acorde para a vida e acredite em si mesmo.

Enquanto ouvia as palavras do missionário, uma menina aproximou-se de mim.
De aparência simples, o corpo franzino parou na minha frente e sorriu dizendo "Oi, professor".

Olhei para ela e vi a imagem do descaso de quem toma as rédeas desse país. Visualizei a vida sofrida daquele pequenino ser, ainda sem muita noção das coisas da vida.

Olhei em seus olhos e percebi a carência de afeto, a simplicidade de quem procura alguém que lhe dê um pouco de atenção e que principalmente, ainda é verdadeiro naquilo que sente.

Hoje agradeço a Deus pela vida que tenho.

Rezo para que essa menina tenha entendido as palavras do pastor.