domingo, 30 de junho de 2013

Depois das ruas, as leis

Da Web

Estamos vivendo um momento único na política brasileira. Após assistir inertes, durante anos, os mais variados escândalos envolvendo os "homens de bem" (que todos sabem que não são tão "do bem" assim), a população, principalmente a parcela jovem da sociedade, resolve tomar uma postura mais ativa e reclamar seus direitos e cobrar das autoridades posturas mais condizentes com seus discursos. Milhões foram às ruas Brasil afora (inclusive este que vos escreve) dizer que estamos cansados de ser deixados em segundo plano e queremos mudanças.

Diante da repercussão dos protestos, a presidenta Dilma e o Congresso agiram às pressas : a PEC 37, que limitava o poder do Ministério Público em investigações, foi derrubada; corrupção agora é considerada crime hediondo; e a presidenta propôs um plebiscito para a reforma política. Mas eis que surge um questionamento: isso será suficiente?

Muitos dos que participaram do protesto sequer tem ideia do que está sendo reclamado. Grande parte tem consciência, mas por serem muitas as demandas, pode ocorrer uma fragilização dos movimentos e consequentemente, a perda do foco, tornando as manifestações propícias a críticas voltadas a atos isolados de vandalismo (o que, diga-se de passagem, não foi registrado em manifestações tocantinenses). A insatisfação com os rumos da política nacional não deve ser traduzida em destruição do patrimônio público. É nesse quadro que a educação faz toda a diferença.

Mais do que investimentos, faz-se necessária o comprometimento da sociedade na fiscalização das ações dos governantes. Vejo como de fundamental importância a participação popular nas discussões e criação de leis voltadas para o bem comum, em espaços como conferências e seminários sobre habitação, educação, cultura, saúde e assistência social, entre outros temas. Já fomos às ruas: agora, vamos às leis.

Fiquemos de olho, companheiros. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

ANTES TARDE DO QUE NUNCA

Da web

O que eu duvidava
que acontecesse
era o que eu mais sonhava
o desejo era esse:

Uma revolta consciente
desejo de mudança
mantém acesa a chama
da esperança.

Braços dados nas ruas
gritos, uma só voz
contra todo um sistema
mentiroso e atroz.

Hipócritas de gravata
ainda seguem no poder
mas aos poucos eles sabem
que iremos vencer.

Antes tarde do que nunca.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A ETERNA NECESSIDADE DE PERGUNTAR*


            Já há algum tempo tento ingressar em um curso de pós-graduação. Como professor da educação básica, tenho a noção de que as coisas não andam muito bem, exigindo cada vez mais do professor uma postura mais provocadora do pensamento crítico. Sempre acreditei que seja possível transformar a cultura que nos cerca, que visa prioritariamente formar, como já disse Gerardo Mourão, homens que sabem muito sobre muito pouco. Nesses anos de sala de aula, presenciei situações deveras inusitadas que me causaram um impacto positivo e reafirmaram o mesmo ideal adquirido nos corredores da faculdade e nos acalorados debates durante o curso de graduação: temos sim, a capacidade de sermos melhores.
            Desde os primórdios da humanidade, tentamos – e de certa forma, conseguimos – evoluir e nos apresentar melhores a cada nova geração. Os gregos certamente foram a civilização que mais contribuiu para o mundo ocidental com o que hoje chamamos de progresso. Seu legado nos deixou uma herança de valor inestimável: muitas das concepções que temos sobre o mundo se devem, em grande parte, à filosofia de Sócrates e Aristóteles, aos cálculos matemáticos de Euclides e Pitágoras, a noção de República de Platão, às grandes inspirações poéticas de Homero, entre outras.
            Através do questionamento dos filósofos de épocas posteriores, de escolas diferentes, influenciados ou não pela fé no sobrenatural é que chegamos ao ponto onde estamos. Nietzsche, pelas palavras do seu profeta Zaratustra, afirma a necessidade do “refinamento cultural” do homem, como meio de superar as suas próprias limitações (que na visão dele eram causadas principalmente pela doutrina cristã), desprendendo-se de dogmas e decidir de maneira eficaz o seu próprio destino. A possibilidade de se alcançar esse refinamento é infinitamente grande, dada a capacidade humana de criar e recriar a História. Somente o homem, dentre todos os seres vivos que habitam a Terra é que possui a habilidade de refletir sobre suas ações e propor a si próprio alternativas para a construção de uma nova estrutura de relações sociais. Darwin, ao apresentar ao mundo sua Evolução das Espécies, foi erroneamente interpretado, mas após séculos de pensamento vinculado ao Cristianismo – e unicamente a ele, pelo menos no mundo ocidental – tocou no ponto chave: o ser humano supera as intempéries do tempo e consegue se readaptar a novos tempos.
            O saber gera o poder, que em muitas ocasiões distorceu a noção que temos entre o que é certo e o que é errado. Na era pós-moderna, no século passado, tal dicotomia uma das maiores barbáries da humanidade: a II Guerra deixou milhões de mortos, prejuízos incalculáveis e assim como em outras épocas, a dúvida sobre os destinos da raça humana. Mais uma vez, mostramos nossa natureza intrínseca de superação: dos escombros de Hiroshima e Nagasaki, renasceram duas grandes potências mundiais. Nossa mente criativa produziu versos de esperança na voz do mais famoso dos rapazes de Liverpool, nos induzindo a imaginar um mundo diferente. Outras tragédias se sucederam após 1945, mas ainda continuamos de pé.

            Chegamos ao terceiro milênio na velocidade dos megabytes. Rapidez é a palavra de ordem. Objetividade tornou-se obrigação. O conhecimento, outrora privilégio das elites, agora é acessível a toda a humanidade. Contudo, as facilidades que a tecnologia nos proporciona retomou o questionamento: e partir de agora? Para onde devemos olhar de modo que continuemos nos superando a cada dia que passa? Em um mundo cujos valores se tornam confusos nesse emaranhado de informações desencontradas, como podemos nos aprimorar para evitar erros de outros tempos? O grande desafio agora é saber que tipo de ser humano pretendemos formar para as próximas gerações e que legado deixaremos a elas.  É chegada a hora de repensar uma “nova velha educação”, aos moldes da Akademeia grega, que instigue no ser humano novos direcionamentos, para que mais uma vez, possamos provar a nós mesmos que temos a capacidade e a obrigação de sermos melhores.

*Ensaio produzido para o curso de pós-graduação latu sensu em Ensino de Língua Inglesa da UFT - Universidade Federal do Tocantins - Campus Porto Nacional.