terça-feira, 3 de agosto de 2010

NO CALAR DA MADRUGADA


Sentado à mesa da cozinha, procuro algo a dissertar a respeito.

Tudo é silêncio nessa madrugada buritinense.

Ao longe, ouço o cantar do galo, cumprindo a sua obrigação: a de anunciar que, em algumas horas, um novo dia irá começar.

O que esse dia trará, não faço idéia.

Mais um dia da minha vida. Quantos iguais a mim, sem a mesma visão do mundo, estão nascendo agora?

Quantos iguais a mim, filhos de senhora pobres e lutadoras, que sonham com a chegada de uma criança como um sinal de esperança?

Não faço idéia.

No calar dessa madrugada silenciosa, onde a única coisa que se escuta é o cantar do galo, percebo-me como apenas mais um no meio da multidão.

Cheio de sonhos, embora já bem menos vibrantes.

Cheio de expectativas, embora em menor número que outrora.

Inquieto com as inúmeras possibilidades, tanto de dar certo quanto de dar errado.

Sinto-me pequeno quando me comparo ao tamanho dos meus sonhos.

O homem é do tamanho do seu sonho, disse Pessoa.

Tomara.
No calar dessa madrugada, procuro manter meus sonhos vivos, para quem sabe poder crescer.

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