terça-feira, 17 de agosto de 2010

CORDEL: A difícil tarefa de educar no Brasil atual



Meus amigos com licença
Agora me apresento
Pra compartilhar uma idéia
Que não sai do pensamento
Sou formado professor
Sou também educador
Mando agora meu lamento

Formei há três anos atrás
Nessa profissão ingrata
Mas faz mais de 5 anos
Que estou em sala de aula
Enfrento dificuldade
Pra ajudar a sociedade
Que o governante maltrata

Tenho quase todo dia
Estresse, dor de cabeça
Dor nas costas e garganta
Faz que eu quase desfaleça
Mas firme, eu tô de pé
E sempre mantendo a fé
De que o Brasil não pereça

Da minha maneira eu tento
Ajudar o meu país
Faço graça, conto história
Para me manter feliz
Pois creio que a Educação
É a única solução
Pra um Brasil forte e feliz

Mas é uma tarefa árdua
Difícil de realizar
Pois aqui em nosso Brasil
O povo não quer estudar
Embora eu pareça chato
Mas não minto, isso é fato
Em quase todo lugar

Tem dias que a gente tenta
Na sala fazer uma leitura
Para analisar um texto
Suas idéias e estrutura
Ou discutir a História
Coisas da nossa memória
Ampliar nossa cultura

Mas para os nossos alunos
É a maior dificuldade
Não tem nenhum interesse
Não sentem nenhuma vontade
Ir à escola todo dia
Só pelo Bolsa Família
É a triste realidade

Muito embora reconheço
Que não é com todo mundo
Muitos vão porque acreditam
No poder que tem o estudo
Que ajuda, que liberta
Deixando a cabeça aberta
Preparada para o mundo

Mas a grande maioria
É difícil convencer
Quanto mais a gente insiste
Mais ignoram você
Muitos não tem idéia
Mas a situação de miséria
Em que vivem, tem a ver

Na casa de muita gente
É uma pobreza imensa
Falta comida e remédio
Sobra briga e desavença
O ditado já dizia:
Que com a barriga vazia
Nossa cabeça não pensa

O menino sai de casa
Procura coisa melhor
Mas ao chegar na escola
A coisa é bem pior
Professores já cansados
Dão aulas seguindo os passos
Dos tempos da minha avó

Às vezes não é por querer
Que as coisas são assim
A sua própria formação
Muitas vezes é ruim
Em busca do capital
Formam um mau profissional
Pra você e para mim

Por não estar preparado
Pra enfrentar as desavenças
Acaba o professor
Perdendo sua paciência
Perde o amor na profissão
Vira só obrigação
Faz só por sobrevivência

Para não perder o emprego
Bate o ponto todo dia
Apresenta o conteúdo
Mas sem mostrar alegria
Pra o aluno que freqüenta
(e muitas vezes agüenta)
A escola todo dia

Pior é final de ano
No tal conselho de classe
Que obriga o professor
Fazer com que o aluno passe
Menino consegue nota
Mesmo sem que faça prova
Sem que ao menos estudasse.

Mas existe outro discurso
Dos órgãos dessa nação
“Mudaram-se os conceitos
Na nossa avaliação:
Além de ter quantidade
É preciso qualidade
Na hora da aprovação.”

Amigos eu lhes pergunto
Como isso pode ser?
Com todos esses problemas
Como nós vamos vencer?
Não posso aprovar todo mundo
Mas ao reprovar o aluno
Posso meu emprego perder.

Continuo estudando
Em busca de uma resposta
Mas devido à pressão
Faço o que o sistema gosta
Governo faz propaganda
O número não me engana
Já que mudança não mostra

A mudança só virá
Com o trabalho da gente
Investimento real
Homem e mulher competente
Com o esforço da nação
Seriedade e união
Para um país diferente.

Pra você caro leitor
Nesse instante apelo
Que do estudo do seu filho
Cuide com bastante esmero
Seja pai ou professor
É somente com amor
Que o Brasil será mais belo.

2 comentários:

Francisco Sulo disse...

É isso aí, Gomez!
Vamos bradar, esbravejar, esgoelar, fazer essa massa pensar.

Unknown disse...

Por que será que me identifiquei tanto com esse teu cordel, heim???
Sou colega de profissão, de lutas, de dificuldades, enfim, de opinião.