Estamos na Semana da Pátria (tem que ser escrito assim, em maiúsculas).
Os alunos formam filas para entoar o Hino Nacional, uma ode ao nosso país.
De vocabulário difícil, incompreensível aos ouvidos atuais.
A ordem das palavras dificulta o entendimento, mas mesmo assim todos cantamos.
Cantar a quê? Eu me pergunto.
Cantar ao país das ilusões?
Ao país do faz-de-conta, onde a palavra da lei não tem vez ante o poder financeiro?
Como exaltar uma nação que ainda teima em não investir na educação do seu próprio povo, quando sabemos claramente que é isso o que realmente nos fará grandes um dia?
Como um povo heroico pode emitir brados retumbantes de paz no futuro e glória no passado sem nem saber o que isso significa?
Como entender que um filho teu não foge à luta se nem estimulado a lutar ele é, devido aos inúmeros programas sociais que findam num comodismo miserável?
Como dizer que em nossos bosques há mais vida, se a cada dia que passa as matas exuberantes que possuímos são destruídas?
Exaltamos, conscientes da realidade, a incompetência dos que governam e a ignorância dos governados.
Palavras cantadas, apenas palavras.
Ainda assim, cantamos.
Mecanicamente, cantamos e exaltamos o país da novela, do futebol e da corrupção.
Viva o Brasil!
Um comentário:
Muito bom, Gomez!
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