sexta-feira, 18 de outubro de 2013

PASSA TEMPO

passa tempo
pela gente
tempo passa
pela vida
vida passa
pelo tempo
tempo vida 
gente passa
pela vida
pela gente 
e a gente
passa tempo
e o tempo
passa a gente
e depois 
leva embora
e só fica
a lembrança
o lamento
de um tempo
que passou...

E não volta mais.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Sem título

Caros amigos, chega um momento em que o ser humano se pergunta qual o verdadeiro motivo de habitar esta Terra.
Começa a analisar seus feitos e defeitos, como quem procurasse justificar a condição em que se encontra naquele momento de introspecção.
Pesa tudo na balança da justiça divina (alguns) ou na balança humana (outros), esperando que haja algum valor positivo dentre tudo o que já viveu.
Frequentemente me pego a observar o comportamento humano, baseando-me na simplória realidade que me cerca.
Pessoas humildes, batalhadoras (nem todas), mas acima de tudo esperançosas de tempos melhores, presas às sua vidas presentes, imediatas, efêmeras.
Criando seus filhos (ou apenas os vendo crescer) sem se dar noção da constante passagem do tempo, que ao mesmo ensina a viver e a aceitar as provações que a vida nos oferece.
Em um mundo que supostamente deveria servir a todos.
Em uma sociedade onde supostamente todos servimos para alguma coisa.
Em uma realidade injusta, mas ao mesmo tempo suficiente (pelo menos para a maioria).
Cercado de tantas contradições, desenganos, mas ao mesmo tempo da mais singela felicidade, muitas vezes estampada num sorriso de criança.
Sentindo o sol nascer e morrer a cada dia, levando um pouco da minha existência junto com ele.
Maravilhado com a perfeita criatura humana e como ela se desenvolve nos ventres maternos, com toda sua delicadeza.
E imaginando que um dia ela se tornará tão falha quanto todos da sua espécie.
Duvidando se vale a pena ter algo pra acreditar, nem que seja para que no apagar das luzes eu possa ter vontade de continuar o que venho fazendo até hoje: simplesmente vivendo.
Talvez tudo isso seja besteira. É, talvez.
Mas de vez em quando eu vou me perguntar.

domingo, 30 de junho de 2013

Depois das ruas, as leis

Da Web

Estamos vivendo um momento único na política brasileira. Após assistir inertes, durante anos, os mais variados escândalos envolvendo os "homens de bem" (que todos sabem que não são tão "do bem" assim), a população, principalmente a parcela jovem da sociedade, resolve tomar uma postura mais ativa e reclamar seus direitos e cobrar das autoridades posturas mais condizentes com seus discursos. Milhões foram às ruas Brasil afora (inclusive este que vos escreve) dizer que estamos cansados de ser deixados em segundo plano e queremos mudanças.

Diante da repercussão dos protestos, a presidenta Dilma e o Congresso agiram às pressas : a PEC 37, que limitava o poder do Ministério Público em investigações, foi derrubada; corrupção agora é considerada crime hediondo; e a presidenta propôs um plebiscito para a reforma política. Mas eis que surge um questionamento: isso será suficiente?

Muitos dos que participaram do protesto sequer tem ideia do que está sendo reclamado. Grande parte tem consciência, mas por serem muitas as demandas, pode ocorrer uma fragilização dos movimentos e consequentemente, a perda do foco, tornando as manifestações propícias a críticas voltadas a atos isolados de vandalismo (o que, diga-se de passagem, não foi registrado em manifestações tocantinenses). A insatisfação com os rumos da política nacional não deve ser traduzida em destruição do patrimônio público. É nesse quadro que a educação faz toda a diferença.

Mais do que investimentos, faz-se necessária o comprometimento da sociedade na fiscalização das ações dos governantes. Vejo como de fundamental importância a participação popular nas discussões e criação de leis voltadas para o bem comum, em espaços como conferências e seminários sobre habitação, educação, cultura, saúde e assistência social, entre outros temas. Já fomos às ruas: agora, vamos às leis.

Fiquemos de olho, companheiros. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

ANTES TARDE DO QUE NUNCA

Da web

O que eu duvidava
que acontecesse
era o que eu mais sonhava
o desejo era esse:

Uma revolta consciente
desejo de mudança
mantém acesa a chama
da esperança.

Braços dados nas ruas
gritos, uma só voz
contra todo um sistema
mentiroso e atroz.

Hipócritas de gravata
ainda seguem no poder
mas aos poucos eles sabem
que iremos vencer.

Antes tarde do que nunca.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

A ETERNA NECESSIDADE DE PERGUNTAR*


            Já há algum tempo tento ingressar em um curso de pós-graduação. Como professor da educação básica, tenho a noção de que as coisas não andam muito bem, exigindo cada vez mais do professor uma postura mais provocadora do pensamento crítico. Sempre acreditei que seja possível transformar a cultura que nos cerca, que visa prioritariamente formar, como já disse Gerardo Mourão, homens que sabem muito sobre muito pouco. Nesses anos de sala de aula, presenciei situações deveras inusitadas que me causaram um impacto positivo e reafirmaram o mesmo ideal adquirido nos corredores da faculdade e nos acalorados debates durante o curso de graduação: temos sim, a capacidade de sermos melhores.
            Desde os primórdios da humanidade, tentamos – e de certa forma, conseguimos – evoluir e nos apresentar melhores a cada nova geração. Os gregos certamente foram a civilização que mais contribuiu para o mundo ocidental com o que hoje chamamos de progresso. Seu legado nos deixou uma herança de valor inestimável: muitas das concepções que temos sobre o mundo se devem, em grande parte, à filosofia de Sócrates e Aristóteles, aos cálculos matemáticos de Euclides e Pitágoras, a noção de República de Platão, às grandes inspirações poéticas de Homero, entre outras.
            Através do questionamento dos filósofos de épocas posteriores, de escolas diferentes, influenciados ou não pela fé no sobrenatural é que chegamos ao ponto onde estamos. Nietzsche, pelas palavras do seu profeta Zaratustra, afirma a necessidade do “refinamento cultural” do homem, como meio de superar as suas próprias limitações (que na visão dele eram causadas principalmente pela doutrina cristã), desprendendo-se de dogmas e decidir de maneira eficaz o seu próprio destino. A possibilidade de se alcançar esse refinamento é infinitamente grande, dada a capacidade humana de criar e recriar a História. Somente o homem, dentre todos os seres vivos que habitam a Terra é que possui a habilidade de refletir sobre suas ações e propor a si próprio alternativas para a construção de uma nova estrutura de relações sociais. Darwin, ao apresentar ao mundo sua Evolução das Espécies, foi erroneamente interpretado, mas após séculos de pensamento vinculado ao Cristianismo – e unicamente a ele, pelo menos no mundo ocidental – tocou no ponto chave: o ser humano supera as intempéries do tempo e consegue se readaptar a novos tempos.
            O saber gera o poder, que em muitas ocasiões distorceu a noção que temos entre o que é certo e o que é errado. Na era pós-moderna, no século passado, tal dicotomia uma das maiores barbáries da humanidade: a II Guerra deixou milhões de mortos, prejuízos incalculáveis e assim como em outras épocas, a dúvida sobre os destinos da raça humana. Mais uma vez, mostramos nossa natureza intrínseca de superação: dos escombros de Hiroshima e Nagasaki, renasceram duas grandes potências mundiais. Nossa mente criativa produziu versos de esperança na voz do mais famoso dos rapazes de Liverpool, nos induzindo a imaginar um mundo diferente. Outras tragédias se sucederam após 1945, mas ainda continuamos de pé.

            Chegamos ao terceiro milênio na velocidade dos megabytes. Rapidez é a palavra de ordem. Objetividade tornou-se obrigação. O conhecimento, outrora privilégio das elites, agora é acessível a toda a humanidade. Contudo, as facilidades que a tecnologia nos proporciona retomou o questionamento: e partir de agora? Para onde devemos olhar de modo que continuemos nos superando a cada dia que passa? Em um mundo cujos valores se tornam confusos nesse emaranhado de informações desencontradas, como podemos nos aprimorar para evitar erros de outros tempos? O grande desafio agora é saber que tipo de ser humano pretendemos formar para as próximas gerações e que legado deixaremos a elas.  É chegada a hora de repensar uma “nova velha educação”, aos moldes da Akademeia grega, que instigue no ser humano novos direcionamentos, para que mais uma vez, possamos provar a nós mesmos que temos a capacidade e a obrigação de sermos melhores.

*Ensaio produzido para o curso de pós-graduação latu sensu em Ensino de Língua Inglesa da UFT - Universidade Federal do Tocantins - Campus Porto Nacional.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Há tempos

Estou cansando disso.

Do "deixa pra depois".
Do "amanhã te entrego".
Do "daqui a pouco".
Do "mais tarde eu faço".
Do "estamos resolvendo os problemas".
Do "a situação será resolvida em tempo hábil".
E essa hora nunca chega.
Eu também faço isso. Não serei hipócrita.
Mas há 500 anos deixamos pra depois.
Há tempos esperamos que façam.
Há tempos esperamos a hora certa de fazer.
Há tempos dizemos que se não fizermos, outro o fará.
Há tempos que nos empurramos com a barriga.
Há tempos que não saímos do lugar.
Há tempos sabemos que depende de nós, mas muitos resistem participar.
Há tempos fingimos acreditar em nós mesmos.

Há algum tempo não sei se acredito mais.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Pelo fim da hipocrisia na Educação

Chegamos à época dos Conselhos de Classe nas escolas públicas tocantinenses. Hora de avaliar o rendimento dos nossos alunos e atribuir-lhes "notas" pelo que fizeram ou deixaram de fazer nos primeiros meses do ano. Confesso a vocês que hoje vivo um verdadeiro dilema e imagino que aconteça o mesmo com muitos colegas de profissão.

A discussão em torno da aprendizagem ainda continua sendo central na educação. Questiona-se a eficácia da prática docente atual - o professor analógico em plena era digital - já que ainda há a resistência de muitos em rever metodologias (são considerados "dinossauros"), além de existir a cobrança dos órgãos legisladores educacionais por resultados positivos, que no nosso caso é a aprovação. Existem "n" outros assuntos inerentes a essa discussão, mas vou pontuar apenas o supracitado.

Vivencio com o passar dos anos na educação uma necessidade quase obrigatória de se cumprir metas, na sua grande maioria ilusórias. Vejo a cada dia que passa o descaso dos alunos com a sua própria formação. A ignorância se perpetua no país e, no entanto, o discurso apresentado pelos comandantes é de que as coisas estão muito bem. Mas quem vive o dia-a-dia das escolas brasileiras sabe que tudo não passa de ilusão. À exceção daqueles poucos estudantes que frequentam a escola com o intuito de realmente utilizar o conhecimento intelectual discutido em sala para seu crescimento pessoal e consequentemente crítico e profissional, sutilmente professores são estimulados a facilitar o "progresso" de alunos que raramente produzem algo em relação às discussões em sala de aula. Muitos deles  - alunos - fazem exatamente o que o sistema espera deles: amparam-se em programas governamentais que garantem benefícios irrisórios, incapazes de suprir suas necessidades básicas; ou na melhor das hipóteses, tornam-se analfabetos funcionais, "sabendo" assinar o próprio nome e conhecendo os números do candidato para as próximas eleições.

É quase unanimidade o discurso que diz que devemos prestar mais atenção a educação, de que há a necessidade de investimento, da valorização do profissional em educação. Por ouro lado, a resistência do poder público em realizar isso ainda é muito grande. Os resultados em exames internacionais ainda são pífios, comparados ao status econômico que o país apresenta junto aos países mais desenvolvidos do mundo. Além disso, mesmo ratificando a importância do estudo para seus filhos, a maioria dos pais aparenta não compreender que educação também sai de casa e portanto, não acompanha o "rendimento" escolar do seu filho, aparecendo na escola unicamente para questionar o porquê de ele não ter conseguido a aprovação. Muitas vezes, na última semana do bimestre, professores dão um "jeitinho" para que a reprovação não aconteça, evitando assim situações desagradáveis ou perseguições políticas.

Eis que surge o dilema: aprovar ou não aprovar? Fazer com que alunos prossigam suas carreiras estudantis sem o mínimo de preparo (quando falo preparo, refiro-me ao conhecimento técnico) para que, se for do seu interesse, enfrentem a vida acadêmica? Como formar cidadãos críticos se, ao proporcionar-lhes a aprovação automática, ponho em xeque o verdadeiro sentido da educação? Não pretendo aqui me apresentar como um mártir ou sabedor de todas as respostas. Apenas apresento-lhes a minha opinião, pois não concordo com as eternas contradições existentes. Desse modo, vejo que a hipocrisia contida nos discursos de quem diz fazer educação só piora o quadro de aprendizagem dos nossos alunos, fazendo que a distante sociedade "justa e igualitária" fique a cada dia mais inalcançável.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Professor?! Ah, não!

É sempre o professor!
É o professor responsável pelo futuro do país,
professor formador de outras profissões,
mestre das letras, artes, ciências,
que conta a história passada e sugere a história vindoura.

É sempre o professor!
É o professor culpado pelo atraso da nação,
professor analógico na era digital,
formador de ignorantes,
mágico dos números que não representam os fatos,
aprovando e perpetuando a desigualdade.

É sempre o professor!
É o professor que dá bronca na futura geração,
que reclama da sua condição,
no meio de dezenas que não lhe dão atenção,
insistindo em acreditar na ilusão,
que às vezes faz por não ter opção.

É sempre o professor que escuta seus alunos dizerem: "Professor?! Ah, não!"