sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Anestesia

A cada gole que eu tomo
Ignoro cada vez mais
A sofrência que sai das caixas de som
O grau etílico
Aliado à boa conversa
Que gira sobre assuntos versados na masculinidade
Me leva a raciocinar
Que somos nada mais que animais
Que aprenderam a conversar
E a lamentar-se
O que me fez perceber
Que evoluímos muito pouco
Em comparação com os nossos ancestrais
Então sabendo disso
Ligo o foda-se para opiniões alheias
E vou tocar a minha vida
Até a próxima ressaca.

terça-feira, 18 de novembro de 2025

Outrora

 Teve um dia

Mas acho que faz muito tempo

Que me disseram que eu era bom com as palavras 

Disseram que minha poesia inspirava

Que era profunda

E fazia até se emocionar

Teve uma vez (acho que foram duas)

Que fui elogiado

Pelas rimas

Pela crítica 

Pelo parnasianismo realista de um romantismo surrealista 

Que em uma noite ébria

Eu até fui capaz de compor

Mas hoje no máximo

O que me resta

São palavras sem sentido

Desconexas 

Assim como tem sido a minha vida

E eu realmente não tenho expectativas

De que consiga escrever 

Algo além disso

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Ode ao ócio

Ode ao ócio

que permite o devaneio

a calmaria da alma

a inspiração para expressar

de forma sublime

a essência da alma


Ode ao ócio

que alimenta o vício

que é combustível

do motor do sentimento

que move o ser


Ódio ao ócio

que alimenta o vício

que destrói sonhos

e não deixa a gente esquecer

da efemeridade da vida

e que o tempo nunca é o bastante

quando não se sabe o destino


Ode ao ócio

ou talvez elegia.