dói com tanta violência
é uma dor que não me larga
é a dor da consciência
ela arde no meu peito
me fazendo refletir
sobre o ódio e a sujeira
nesse mundo a existir
às vezes me faz chorar
às vezes me faz sofrer
às vezes me lamentar
à vezes me faz querer
que a vida fosse simples
que todos vivessem em paz
que ninguém tivesse menos
e ninguém quisesse mais
com o tanto de cada um
já fosse o suficiente
acabar com a ganância
que existe nessa gente
cada um no seu lugar
cada qual com o seu tanto
a gente não ia ver
tanta criança aos prantos
sem na mesa ter comida
sem no pote faltar água
sem maldade, sem inveja
sem rancor, nenhuma mágoa
todo homem ter trabalho
pra viver com honestidade
sustentar sua família
viver com dignidade
eu sei que é impossível
uma coisa dessa assim
mas eu sonho (e como sonho)
que esse dia vai vir
e a danada consciência
é que maltrata o meu peito
me mostrando que as pessoas
ainda tem os seus defeitos
o medo que me apavora
é de um dia eu perder
a danada consciência
que ainda me faz ver
mas tem hora que eu penso
se não ia ser melhor
eu viver sem consciência
no meu mundinho, eu só?
alheio a tudo de ruim
vivendo só minha vida
me preocupando apenas
em curar minhas feridas
talvez aceitasse ajuda
dos que dizem ajudar
talvez crescesse na vida
achando normal enganar
já tentei mas não consigo
viver assim desse jeito
então acho que a consciência
é pra mim mais um defeito
por isso que eu lhe disse
no começo desses versos
que uma coisa me aflige
mas aqui ainda lhe peço
se existir nesse mundo
alguém assim como eu
que pese a consciência
dentro do juízo seu
que ainda ache errado
o mundo ser como é
me acompanhe nessa luta
pra que eu não perca a fé.