sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ÚLTIMO DIA

Carlos acordou naquela manhã e só tinha um pensamento: “É o meu último dia.” Ainda zonzo, levantou-se e abriu a janela. Fazia um lindo dia lá fora. Ele tornou a pensar:

“É o meu último dia.”

Foi ao banheiro para lavar o rosto. Ao se olhar no espelho, viu a sua imagem retorcida, pálida, com a barba por fazer, o cabelo assanhado. Notou as olheiras, abriu um olho, depois o outro. Molhou-se. Aquela água escorrendo em sua face trazia-lhe muitos pensamentos.

“O que eu fiz em todo esse tempo? Faltou alguma coisa? Não sei, não consigo lembrar.”

Estava um pouco atordoado e achou que um café iria ajudar. Após enxugar o rosto, numa toalha branca que estava numa poltrona amarela que ele havia comprado dois meses antes, seu único presente. “Todo mundo tem que se dar alguma coisa” pensou consigo. Naquela manhã de domingo, ele acordara cansado, pois tinha ido dormir muito tarde. Gostava de ler e na noite anterior, revirando em seus papéis, encontrou uma folha com a inscrição: AMANHÃ É SEU ÚLTIMO DIA. Nunca havia parado pra pensar nisso.
Ao por a água no fogo, Carlos pegou o novamente o papel que tinha lhe tirado o sono na noite anterior: AMANHÃ É O SEU ÚLTIMO DIA. Num relance, teve medo. Não do papel, mas do que viria depois. Ele já sabia que uma hora ou outra acabaria.

“Como vou me preparar pra essa hora?”

Abriu o armário e viu suas peças de roupa. Uma camisa xadrez, azul e branca; um par de sapatos Freeway, que sua ex-namorada tinha lhe dado; uma calça simples, que ele havia comprado a preço de banana de um amigo muambeiro, Pablo; algumas cuecas e o seu revólver. Não era muita coisa que possuía: mais eram livros e CDs. Maquiavel, Machado de Assis, Byron, Goethe, Paralamas, Raul, Pavarotti, Bach, além de uma infinidade de gravações em fitas de palestras e conferências às quais comumente freqüentava. Era um sujeito, assim por dizer, estranho. Poucos amigos, mas uma boa pessoa.
Colocou um CD de Chico Buarque na música “Construção”. “Amou daquela vez como se fosse a última...” Última. Último dia. Meu último dia. Irritado, desligou o aparelho e vestiu-se. Resolveu caminhar um pouco para esquecer os problemas. Sentia-se incomodado.

“Não pode ser! Já?! Como o tempo passou e eu não percebi? Como assim meu último dia? Eu tinha muito por fazer...”

Seus pensamentos o absorveram por completo. Foi até o bar do Cabral, um português que havia chegado no bairro por volta de 1960 e montado um bar. Deu certo. Ao chegar, Carlos pediu uma cerveja. O dono do bar estranhou.

“A essa hora, Carlos? É muito cedo!”
“Que nada, preciso me distrair.”
“Aconteceu alguma coisa?”
“Nada não.”

O português não insistiu, pois sabia que quando Carlos respondia “nada não”, não queria papo.
Depois de umas três cervejas, mandou pendurar e saiu. Sua cabeça estava fervilhando.

“Não acredito! Não pode ser!”

Foi até a praça que ficava atrás do bar, ao lado do cemitério. Sentou-se numa das cadeiras e ficou a observar o ambiente. As crianças corriam, brincando com um cachorro branco, que latia sem parar. Olhou para o lado e viu um casal de velhinhos andando de mãos dadas. Ele não era casado e havia prometido a si mesmo que encontraria uma mulher que o aceitasse, que o entendesse. Nenhuma das que ele conheceu seguia essas determinações. A Marta, uma morena da Zona Sul foi a que mais durou. Uns seis meses, acho.

“Que cara sem sorte!” pensava. “Esse tempo todo jogado fora!”

Foi ao mercado central, onde comprou tomate, alface, banana, maçã. Voltou para casa para preparar seu almoço. Eram por volta das 11 da manhã e ele não tinha tomado café. Sentia fome.
Após uma refeição simples, ligou a televisão e adormeceu. Quando acordou, já eram nove horas. Bebeu um copo d’água e foi tomar banho. A água do chuveiro ao cair em sua cabeça não afugentava os pensamentos ruins.

“Meu último dia...”

Terminou o banho. Enrolou-se na toalha. Olhou o celular. Três ligações perdidas. Sua irmã, Ana Maria, seu primo Silvio e seu amigo José Paulo. Resolveu não retornar as ligações. Abriu o guarda-roupa. A camisa, a calça, os sapatos, o revólver. Pegou o 38 com uma das mãos. Estava carregado. Seis balas. Ele tinha uma ótima pontaria. Seu pai o havia ensinado. Para derrubar alguém, só uma era necessária. Guardou-o novamente dentro da caixa do sapato.

“Ainda é cedo.”

Onze e meia. Foi escovar os dentes. Olhou a carteira.

“Acho que dá.”

Olhou o revólver. Onze e quarenta e cinco. Estava quase na hora. Faltava pouco para eliminar um ano cheio de frustrações, de mágoas, de tristeza. Guardou a arma. E saiu para aproveitar seu último dia do ano.

sábado, 11 de dezembro de 2010

MINHA ALMA PROCURA PAZ

Minha alma procura paz.
Procura correr pelas matas do sossego,
sem medo,
uma chance pra sentar e descansar debaixo de um pé de moleza,
chupando uma manga rosa bem docinha
[lambuzando a cara toda feito menino do buchão,
depois dar um mergulho num açude
onde a simplicidade costuma beber água
e a gente simples lava os "trem".
Juntar uns pedaços de pau pra fazer uma fogueira lá no oitão
pra comer batata assada com estórias de trancoso,
se pelando de medo da Mãe da mata e do Papa Figo.


É uma paz que se chama saudade, amigo véi.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

CONTO ATUAL

Bum!

Ecoou mais um tiro no bairro. Em plena luz do dia.
O pequeno Fernando já estava acostumado, mas sempre se assustava.
Do alto dos seus 7 anos, embora não compreendesse, já tinha visto muita coisa.

Praticamente todos os dias quando ia para a escola, encontrava um corpo estendido no chão, sujo de sangue, cercado de curiosos, aguardando há horas a polícia chegar.
Mais um que foi “pra vala”, como ouvia os adultos dizerem.
Vai ver “tinha cheirado demais e se esqueceu de pagar”, falava o tio dele, o Pedro eletricista. Homem bom, trabalhador. Nordestino, chegara ali há muito tempo. Sempre contava estórias de quando era criança, de como brincava no terreiro da casa, cheio de mato, planta, pé de umbu, seriguela... Acho que deve ser fruta.

Falava de quando ele e os outros meninos tomavam banho de açude, numa água limpinha que dava gosto. De, quando chegava à noite, ficavam em frente à casa, contando estórias, a lua branquinha, brilhando no céu...

Fernando sonhava. Tinha inveja do tio. Queria ir para o nordeste, esse lugar mágico de que o tio falava. Pedro disse que veio porque tinha que trabalhar, pra ser gente, melhorar de vida. Quando chegou estranhou tudo. Os carros, os prédios, o falar das pessoas... É, ele fala engraçado, diferente da gente. Eu gosto dele.

Fernando não vivia num lugar assim. Os barracos de madeira, uns por cima dos outros, naquele morro que parecia não ter fim... Muitos buracos nas ruas, nas paredes, por causa dos tiroteios que frequentemente aconteciam. A mãe não deixava sair à noite. Dizia que era perigoso. Durante o dia era melhor. Brincava com os amigos, jogava bola, de esconder. Certa vez, achou um pacote cheio de mato. Por que alguém ia guardar mato dentro de um saco? Mostrou à mãe. D. Lurdinha brigou, mandou colocar de volta onde tinha achado.

“Vamos logo, menino!”

Fernando olhava para o corpo estendido no chão. Pensou no que o tio contava. Imaginava o Nordeste. Lembrava da escola. Sua mãe puxava o seu braço, pois ele já estava atrasado pra aula. A mãe dizia que se ele quisesse ser alguém na vida, tinha que estudar. Pois é. Quem sabe um dia eu possa conhecer o Nordeste que o meu tio falou. Longe de tiro, de morte e de sangue.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O maior dos monstros

Ela maltrata.
Desfalece.
Faz chorar.
Abandona.
Desespera.
Enlouquece quem a tem.
E também quem a vê nos olhos dos outros.

Por favor,
não permita
em hipótese alguma,
que uma criança
passe fome.

A dor da fome dói em qualquer um.

domingo, 21 de novembro de 2010

CONSCIÊNCIA




Olhai por todos os lados.
Qual o motivo do ódio?
Por que a indiferença?
Várias cores, vozes, palavras.
Diferentes, mas saídas do mesmo lugar.
Como podeis ignorar?
O rubro que corre nas veias está em todos.
O amor, a fé, a compaixão, é natural do homem.

Um dia, dividiram-nos com a ciência.
Com ou sem ciência, consciência.

Somos todos iguais.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Vendedor de balas - Canção



Seu moço eu tô aqui no sinal
vendendo bala
A minha bala é doce
e adoça a alma

Seu moço eu não tive escolha
quem pegasse em minha mão
Pra eu passar para um papel
os sonhos do meu coração
A minha vida inteira é essa
trabalho pra me sustentar
Por isso ofereço essa bala
pra o amargo da vida amenizar

Seu moço eu tô aqui no sinal
vendendo bala
A minha bala é doce
e adoça a alma

No meio da selva de pedra
sou bicho pra sobreviver
muito cedo aprendi
que a vida é matar ou morrer
Mais um filho esquecido
nessa pátria mãe gentil
vendendo bala pra adoçar
a amargura desse meu Brasil.

Cada parada é um arrepio
Aqui fora o frio, aí dentro o calor
Um olhar inocente, um sonho perdido
procurando saber se alguém encontrou...

ANDANDO SÓ




Passeio nas ruas da vida
nem sempre prestando atenção
andando só, sem destino
pra onde vou, sem noção.

Às vezes encontro pessoas
a quem tento dar minha mão
andando só, eu procuro
ser delas mais um irmão.

Algumas são como nós frouxos
a qualquer hora desatam
quebrando elos de amor
que nem sempre se reatam.

Porém existem momentos
que o lado mais fraco é o meu
e eu provoco o desenlace
daquilo que um dia foi meu.

Vejo que por mais que eu queira
na estrada da vida estou só
e vivo a vagar sem destino
eu acho que assim é melhor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CÉU CINZENTO DE FIM DE TARDE

Ainda há pouco olhei para o céu desse fim de tarde.
Cinzento, fechado...
Carregado de nuvens.
Parece que vai chover.

Às vezes não quero que o progresso chegue por aqui.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Olhares





A menina estava parada
no umbral da porta de casa.
Olhava as pessoas passarem
pela rua e pela calçada.

Vivia a imaginar
o que aquelas pessoas pensavam
quais seus sonhos, desejos, vontades
que tinham enquanto andavam.

Nos seus olhos a curiosidade
natural de toda criança
ela apenas olhava, olhava
de olhar seus olhos não cansam.

Inocente, no seu mundo pueril
viajava castelos, dragões
doces, balas, nuvens de algodão
sem tristezas nem preocupações.

Mas aos poucos ela se dava conta
de onde estava, o que era e vivia
cercada pela humildade de palha
via todos, mas ninguém a via.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito - Martelo Agalopado


Através deste verso improvisado
Uma homenagem aqui vou lhe prestar
Palavras serão poucas pra falar
Tudo o que por ti tenho guardado
Sentimento enorme, agigantado
Que quase não me cabe nesse peito
Em ti não consigo ver defeito
No que tinha de fazer foi primorosa
És de Deus criatura majestosa
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

Nos versos de um Martelo agalopado
tento discorrer sobre tua grandeza
sem eu nunca me esquecer da beleza
que envolve teu semblante iluminado
me explicou coisas com todo cuidado
me mostrando as falhas e os defeitos
me ensinando tudo que é direito
para que eu usasse minha razão
agradeço toda tua criação
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

Quantas vezes eu não adoeci
e ficava doente acamado
tu estavas aqui, sempre do lado
preocupada, sem conseguir dormir
Olhando para mim sempre a sorrir
me ninava cantando do teu jeito
e eu dormia, abraçado ao teu peito
pra que eu não ficasse receioso
tu me davas um abraço carinhoso
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

E nos tempos da minha adolescência
tempo de vontades e descobertas
tu tentava manter minha mente aberta
pra que eu vivesse na decência
Longe de drogas e também de violência
de acordo com todos os teus preceitos
muitas vezes quando eu não fiz direito
reclamava, chamando-me a atenção
"Eu não criei filho pra isso não"
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

Quando nasceu o meu filho pequenino
de alegria não pôde se conter
eu já grande, sem poder oferecer
o rosto e a inocência de menino.
Balançava o bebê, sempre sorrindo
nos mostrando como fazer direito
como fazer dormir ou dar o peito
ensinando com toda a sapiência
de ter na vida muita experiência
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

Hoje eu ainda lembro das palavras
de carinho ou de repreensão
sempre ditas com amor no coração
que por mim sempre serão relembradas.
Quando escolhi seguir a minha estrada
a tristeza então, invadiu seu peito
mas aceitou, disse que era direito
disse: "Não ligue pra o que os outros pensam"
me abraçou, beijou e me deu a "bença"
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

Com esses versos tentei lhe explicar
mãe, tudo o que eu sinto por você
sei que é pouco, não tinha como ser
pois no mundo maior amor não há.
Já falei o que tinha que falar
restou só uma saudade no meu peito
que nas horas solitárias, de aperto
ainda lembra da minha mãe querida
agradeço por ter me concedido a vida
Mãe, dos seres, tu és o mais perfeito.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Inspiração

Procuro em todos os lados
Sem saber onde ela está
Ansioso, me desespero
penso que ela não vai chegar.

Impaciente, observo
tudo que há ao meu redor
nada disso me inspira
a escrever um verso só.

Leio contos e notícias
cartas, poemas e canções
falando de amores e guerras
sonhos e desilusões.

Palavras vão surgindo
uma após outra, de dentro de mim
quando só então percebo
que escrevi um poema, enfim.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

DISCUSSÃO




Candidatos brigam
discutem valores
e se auto-denominam
"pessoas de Deus".

Seguem acusando
um ao outro
dizendo que Deus
está do seu lado.

Enquanto reclamam
o diabo sorri
pois ele também
já sabe o final.

Mentiras eleitoreiras
usadas indiscriminadamente
para confundir
a cabeça da gente.

Mas, afinal de contas
ninguém me respondeu:
com tanto barulho
quem está do lado do povo?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Tatuagem




A idéia surge
A vontade cresce
baseada em algo
que você nunca esquece.

Surgem vários desenhos
infinitos formatos
que logo se transformam
em um único retrato.

A agulha toca
a pele intocada
e a imagem aos poucos
vai sendo formada.

O toque acicular
a dor constante
completa o ritual
do mágico instante.

Uma ideologia
ou um amor presente
ficará marcada
no corpo pra sempre.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Barulho











Toca o sinal = barulho.
Professor entra na sala = barulho.
Alunos conversando = barulho.
Professor fazendo a chamada = barulho.
Ele levanta e pede silêncio = mais barulho.
Começa a explicar = barulho.
Atenção, pessoal! = barulho.
Bronca = barulho.
Termina a aula = barulho.
Fila da merenda = barulho.
Recreio = mais barulho ainda.
Toca o sinal pra ir embora = barulho.
Professor cansado reclama = barulho.
Do lado de fora, continua o grito de desespero nos hospitais,
o salário mínimo,
a má distribuição de renda,
políticos roubando,
e ninguém escuta nada...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

TIRIRICA PRESIDENTE!



As eleições 2010 ainda não acabaram. Vai haver segundo turno entre Dilma e Serra e rola o maior bafafá na imprensa sobre qual será o posicionamento de Marina (essa sim uma vencedora - quase 20% dos votos válidos). Em alguns estados, também vai haver segundo turno para governador. Só em novembro vai haver definição.

Enquanto isso, nesse período pós 1° turno, a discussão gira em torno de outro caso: a eleição do palhaço (é a profissão do cara) Tiririca, com impressionantes 1,3 milhões de votos, tornou-se o deputado federal mais votado do ano e o segundo da história - o primeiro foi o exótico Enéas Carneiro, em 2002, com 1,57 milhão de votos. O Ministério Público move uma ação contra ele na Justiça Eleitoral, com a alegação que ele seria analfabeto e, portanto, incapaz de exercer o cargo conquistado. Se isso for verdade, é até aceitável que a votação seja anulada e ele perca o direito ao cargo. Mas por outro lado, qual o problema?

Entra ano e sai ano e o povo continua elegendo ilustríssimos doutores para representar-nos e decidir os rumos do país, mas a coisa não muda em nada. Os escândalos continuam os mesmos, ninguém é punido. Só pra constar, lembram do Renan Calheiros, que se queimou em 2007? Pois é, foi eleito senador de novo. E o que falar do Sarney, então? Sem comentários. Collor é senador e tentou o governo de Alagoas. Quase entrou. Paulo Maluf (PPB-SP) foi cassado, mas ainda teve gente que votou nele. Diria cômico para não dizer trágico.

Por isso apoio o Tiririca. Tiririca deputado federal, mais bem-votado. É um aperto no sapato dos doutores da nação. "Política não é palhaçada", diriam os hipócritas. Há tempos que vem sendo. Vejo inúmeras campanhas nos meios de comunicação apelando ao voto consciente. Esse 1,3 milhão foram os votos mais conscientes de todo o país. A consciência revoltada, farta de tanta impunidade, desrespeito e palhaçada. Essa é a palavra. Palhaçada. E vamos nos perguntar: quem é o verdadeiro palhaço?

Cerca de 34 milhões de eleitores no Brasil não validaram seu voto. Foram brancos, nulos e abstenções. Isso é mais de 1/4 da população eleitoral nacional. Sinal dos tempos. Um povo cansado de tanta baixaria aos poucos acorda. E protesta. É obrigado a ir, mas não a escolher alguém. Dirão que a omissão também é uma escolha. Que seja. Mas enquanto continuar assim, ou não vota ou escolhe qualquer um que aparecer. E se já for conhecido do povão, melhor ainda.

Um pobre nordestino incomodou muita gente ao conseguir chegar à presidência. Agora é a vez de um palhaço ser eleito. Pelo menos esse faz a gente rir. Tiririca presidente!

domingo, 3 de outubro de 2010

FILA












Sabe qual a diferença entre a fila da Mega-Sena e a da seção eleitoral?

R: É que na fila da Mega a gente entra pra arriscar a sorte e na fila da seção a gente entra pra arriscar o azar.

sábado, 2 de outubro de 2010

E no futuro?


Falta pouco. Daqui a algumas horas, milhões de brasileiros de todas as idades e classes socias irão escolher os nossos "representantes" políticos dos próximos 4 anos. Aqueles que desviam do erário público ou os que dizem ter boas intenções, os auto-intitulados "amigos do povo" serão eleitos amanhã. Numa eleição rápida (apenas um minuto e meio para cada eleitor, em média), na qual o resultado ainda sai no mesmo dia, escolheremos os rumos que o Brasil dará nesses anos vindouros. Não importa mas a qualidade desses votos, e sim a quantidade. No entanto, eu pergunto: e no futuro?

Esses dias estava em uma sala do 8° ano revisando conteúdos para uma avaliação que irei aplicar nos próximos dias. De repente, dois alunos começaram a discutir sobre os candidatos a governador do estado. Que fulano de tal é assim, é o melhor, porque o outro tem que voltar, mas porque aquele tem que seguir como está, essas coisas. O assunto rendeu bastante, toda a turma resolveu dar a sua opinião, cada um querendo defender o "seu" candidato. Na tentativa de esclarecer um pouco mais as coisas pedi a palavra na conversa, dando a minha opinião. Uma aula interessante (um pouco barulhenta, é verdade - mas onde política não é assim?), principalmente se considerarmos a idade dos meninos e meninas.

Apesar de tudo isso, uma coisa me chamou a atenção: muitos repetem as ideias dos pais ou são influenciados pelas campanhas mirabolantes apresentadas por esses candidatos. Segundo Vigostky, o primeiro lugar de convivência social que a criança tem é o seu lar, de onde ele tira suas primeiras conclusões sobre como funciona o mundo. Daí a importância da família e da escola em todos os aspectos da formação dos seus pupilos, principalmente a formação moral e política. Por mais que todos os adolescentes achem chatos (como nós em nosso tempo de escola achávamos - e muitos adultos também achem), esse tema tem que ser discutido em sala de aula, pois afinal, eles sofrerão as consequências dessas escolhas que nós, praticantes do "exercício da cidadania" iremos fazer nesse domingo.

Trocando em miúdos: muitos daqui a alguns poucos anos também participarão desse processo. Se serão conscientes do que essas escolhas podem causar, só Deus sabe. Mas podemos insistir neles para que, quem sabe, a resposta seja sim.

De olho no futuro, rapaziada!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

UM CIDADÃO JOÃO


Eram duas da madrugada. João Alberto chegava em casa, vindo de uma dessas festas que a sua empresa promove periodicamente para reunir os funcionários e manter um clima fantasioso de coletividade. Bastante cansado, pois havia trabalhado o dia todo e não tinha vindo em casa. Só pensava em tomar um banho quente e dormir, quando de repente o telefone tocou. Era o seu chefe.

“João?”
“Pois não, patrão,” disse ele, com um tom de voz ameno que disfarçava sua raiva “algum problema?”
“É que nós vamos precisar de você aqui amanhã para receber uma mercadoria. Pode ser?”
“É, bem... sim, sim, pode contar comigo.”

Desligou o telefone. Começou a achar burrice o que tinha feito. O único dia de folga que possuía, e o patrão ligava pedindo-o que fosse trabalhar. Aquele maldito ganancioso, egoísta. Só pensa nele mesmo. Não se importa com os outros, que se danem. Tudo em nome do capitalismo, pensava consigo mesmo.

“Ah, eu não vou.” disse convicto. E foi deitar-se. Quando fechou os olhos, hesitou e disse:
“Eu vou, mas vou chegar atrasado.” E se virou novamente.

Começou a pensar na situação: ir ou não ir? Seu único dia de folga e não poder nem descansar? Será que ele merecia aquilo? Pensou na mulher, nos filhos. Há quanto tempo não conversava com eles. Não saíam mais: a rotina dele era casa-trabalho, trabalho-casa. Estava de saco cheio.
Mais alguns instantes, abriu os olhos novamente e disse:

“Pensando bem, não vou mesmo. Ele nem vai pagar hora extra. Eu vou mesmo é descansar.”

E dormiu.

Às 6 da manhã seu relógio despertador tocou. Levantou-se, tomou banho, vestiu-se, tomou café e foi trabalhar. Chegou exatamente na hora. Afinal, ele era só mais um empregado.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

O PALHAÇO


Agradeço a Vítor Pirralho pela inspiração.


Mais uma moeda tilinta na caneca de alumínio que ele carrega.
A multidão dá alguns trocados por alguns minutos de diversão.
A cara do palhaço ri.
Agradece aquelas moedas, pois vão completar o ordenado do mês.
Três filhos, um deles muito doente, dormem em meio aos ratos que disputam restos de comida.
Barraco de tábuas, quarto-sala-banheiro-cozinha em 4 metros quadrados.
Tudo junto.
Depois da apresentação, muitos voltam para os seus lares.
Ar condicionado, frigobar, carros importados.
O contraste.
O coração do palhaço chora.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

UM MINUTO...

Baseado em informações das últimas eleições, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) calcula que o eleitor brasileiro levará, em média, 1 minuto e 30 segundos para votar no próximo dia 3 de outubro. - Jornal O GIRASSOL

Apenas um minuto para escolher o seu futuro...

Um minuto que pode mudar completamente a sua vida...

Não dá tempo para pensar muito.

Nem precisa.

Primm!

Agora já foi.

Devia mesmo era ter pensado bem antes.








AINDA DÁ TEMPO!!

SURDEZ VOLUNTÁRIA




"A política baseia-se na indiferença da maioria dos interessados, sem a qual não há política possível." Paul Valery







Eles falam na TV, no rádio, na Internet.
Ninguém presta atenção no que eles dizem.
4 pontos de audiência nos debates.
Denúncia de corrupção, de quebra de sigilo. Não faz diferença.
Ninguém tá nem aí.
E pra quê, se nada muda?
Pra que dar ouvidos ao que não se acredita?
Infelizmente é assim.
O povo não sabe as propostas da educação, nem da saúde, tampouco da segurança pública.
Agricultura?! O que é isso?
O povo só espera o prato de comida na mesa.
Por isso vota.

domingo, 12 de setembro de 2010

ALIANÇA


Minha mulher esses dias pediu que eu comprasse uma aliança.
Segundo ela, no casamento, o anel simboliza a união entre duas pessoas, o voto de fidelidade, o respeito que cada um deve ter com o outro.
Venho vendo várias alianças sendo feitas nesse tempos de eleições.
Muitos candidatos buscando o apoio de outros, enquanto detonam seus adversários.
Alguns deles trabalharão juntos nos próximos anos.
Esses "casamentos" não vão muito longe não...

Abre o olho eleitor!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Mais uma das eleições


O Brasil gaba-se de possuir as eleições mais seguras do planeta. As urnas eletrônicas, diz o governo, vieram para facilitar (e também transparecer) o processo eleitoral. São motivo de orgulho para o país. Países de primeiro mundo invejam o nosso sistema, importando urnas para realizarem suas eleições. Nos Estados Unidos o negócio é tão complicado que eu li e não consegui entender. Aqui digitou a sequência e primmm! Tudo pronto.

Para tornar a coisa ainda mais segura (!), surge um novo apetrecho: a urna biométrica. Agora o cidadão põe o dedão na máquina, que reconhece o eleitor e libera a urna. Tcharam! Depois que a escolha é feita, é só confirmar. Não há riscos... Tem até escrita braille nas teclas para facilitar a votação para os deficientes visuais.

O pior é que muitos eleitores são cegos, surdos e mudos. Não estou me referindo aos verdadeiros deficientes físicos. E sim aos saudáveis que não percebem a palhaçada em que se tornaram as nossas eleições.

Enquanto inventam meio mundo de parafernálias tecnológicas para "tornar a votação mais interessante", que mais uma vez distraem o eleitor (que já citei em um post anterior), muitos fichas sujas estão por aí pedindo voto. Um exemplo: Collor. A Ficha Limpa conseguiu barrar alguns, mas é possível recurso por parte do candidato. E sendo inocentado, poderá assumir o cargo pretendido se eleito for.

Ô maldita obrigação eleitoral!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

PREJUÍZO



Vi hoje na Tv mais um caso de um falso médico que, irresponsavelmente, matou uma mãe e uma filha na hora do parto.

E o pior: o dono da clínica onde ele trabalhava (porque agora foi preso) apoiava o cara, assinando os prontuários dele.

A imprensa cai em cima, acusando de todo jeito o descaso do país com a saúde...

Aí eu lembro quantos "falsos professores" temos por esse Brasilzão de meu Deus e ninguém diz nada...

Quantas crianças e adolescentes vão morrendo todos os dias na ignorância, inconscientemente...

Descobri a diferença: é que na educação o prejuízo é a longo prazo.

sábado, 4 de setembro de 2010

DISTRAÇÃO PERIGOSA



É engraçado que naquelas horas em que você tenta se concentrar pra fazer alguma coisa normalmente surge alguém ou algo pra atrapalhar. Pode ser o som do carro do vizinho, uma propaganda na televisão, uma festa na rua ao lado, sua mulher pedindo ajuda pra fazer alguma coisa, seu filho querendo brincar... Enfim, qualquer coisa acontece (lógico que nem sempre intencionalmente) para desviar a atenção. Inclusive o horário eleitoral gratuito.

Muitas pessoas param em frente a TV para ouvir as propostas dos candidatos, ou simplesmente para se distrair com as propagandas - algumas verdadeiramente cômicas. Defensores de diversas classes, desde frutas (!) a antepassados ilustres. Esse dias vi um candidato de São Paulo dizendo ser descendente de Zumbi dos Palmares (!). Tiririca, com o seu "pior que tá, não fica" é sucesso nacional na mídia televisiva, impressa ou eletrônica. Outros promovem sua imagem com as famosas passeatas para mostrar que possuem intimidade com o povo. Apertam a mão, tiram fotos, abraçam senhoras, beijam crianças, etc. Vale tudo para chamar a sua atenção.

Mas, infelizmente, em muitos casos essas artimanhas só são usadas para distrair a atenção do eleitor do que realmente interessa: programas e propostas de trabalho. Muitos sabem o nome, número, partido e até os jingles de diversos candidatos, mas não têm nenhuma ideia do que eles pretendem fazer. Para a grande maioria, isso não importa. A distração temporária basta, já que somente daqui a 4 anos ele voltam. Em muitas cidades pequenas do Brasil (e em especial do Tocantins) não acontece muita coisa. Durante o período eleitoral há muito movimento. É a oportunidade que muitas pessoas veem para conseguir alguma coisa, nem que seja distração. Só que nesses casos ela pode ser bastante perigosa.

Uma escolha errada pode comprometer o desenvolvimento de um país. Atenção é fundamental nessa época em que todos aparecem sorrindo. Se a gente se distrair demais, é capaz de esquecer que eles passaram e não fizeram nada por aqui, além de rir da nossa cara.

domingo, 29 de agosto de 2010

PERGUNTAS

O rapaz se perguntou
Se um dia, quem sabe
Se ele tivesse uma oportunidade,
Poderia falar o que tinha vontade.
Ele se perguntou se
Qualquer dia desses, quem sabe,
Ele não ia ser privado do dom da fala
Quando quisesse falar o que tinha vontade.
Perguntou-se mais uma vez,
Ainda incrédulo com a possibilidade,
Que para uns existe, para outros, quem sabe
Alguém lhe desse atenção
E nesse momento então
Poderia falar o que tinha vontade.
Muitos duvidam
Ele acredita.
Mas o momento em que isso acontece
Quem sabe?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Busquemos a revolução!!!!

Cansei de todas as opiniões imóveis, retóricas e demagogas.
Chega de tantas promessas, que sabemos que nunca são realizadas.
Acabem com os palhaços engravatados, que descaradamente, conduzem nossa sociedade ao mais completo caos.
Textos televisivos carregados de segundas intenções, que sutilmente escondem os seus reais objetivos: perpetuarem-se alienando a massa ignorante que rasteja em busca de migalhas.
Ao invés da desqualificação de outrem, soluções práticas.
Façamos o que for preciso.

Busquemos a revolução!!!!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

DISCURSO


Senhoras e senhores
Aqui cheguei.
Falo bonito
Sou de família.
Chego até vocês
Com esse papo furado
Cheio de predicado verbal.
Nominal, só o cheque
que vou receber
de você
no fim do mês.
Você é o patrão
Sem moral, sem astral.
Completamente “o tal”
E não tem nada pra dizer.
Aliás, pra você,
Quer dizer, senhor,
Sou eu quem tem valor.
Corre atrás, sempre mais
De uma aproximação
Aperto de mão.
Deram-me a função
Que com o coração
Vou exercer:
Prefeito, deputado
Terno, engravatado
Vou te enganar
Prazer.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cenas do próximo capítulo que você já assistiu...


Em época de eleições, é normal que todos os candidatos falem em acabar com a corrupção, trabalho sério, fim das mentiras e coisas do tipo. É a mesma ladainha desde muito tempo atrás (e que este que vos escrever não faz a mínima noção de quando tenha começado). Como a gente diz lá no sertão, é uma "fuleragem!"

Aproveitei a deixa e embrenhei-me numa tarefa que deveria ser não só minha, mas de todo mundo: a de conhecer os candidatos em que iremos votar. Para isso, acessei o site do TSE - e iniciei o fomento à minha curiosidade cidadã. Digitava o nome de alguém que me vinha a mente e, bum! aparecia o nome do cidadão, escolaridade, estado civil, bens declarados... De alguns que eu conheço (do meu velho e querido Sertão pernambucano) vi absurdos: coronéis donos de imensidões de riquezas, que escravizam uma pobre população (e só quem vive tal situação sabe do que estou falando) declarando números absurdamente ridículos! O que deixa mais preocupado é saber que esses descarados não só existem na minha terra de origem mas em qualquer terra que eu venha (ou não) a habitar nesse país...

Para terminar, vou usar uma frase que ouvi esse dias: "muitos se matam durante o período eleitoral, por seus candidatos, mas acabam morrendo quando ela termina, esquecidos."

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

VERDADE

Estão todos em busca da verdade.
Há aqueles que passam anos e anos e não conseguem encontrá-la.
Há que duvide que ela exista, que é apenas uma ilusão que o ser humano criou.
Alguns têm a sua própria idéia de como ela seja e defendem-na com unhas e dentes.
Outras esperam que ela surja do céu.
A maioria das pessoas nem se preocupa com isso.
Mas ela está logo ali...
É só prestar atenção.
"Candidato Fulano de tal, número tal, o homem do povo."
"Trabalho, competência e honestidade."
"Em nome dos fracos e oprimidos."

Não é necessário ter pressa.
Depois do CONFIRMA, ela vai aparecer.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

CORDEL: A difícil tarefa de educar no Brasil atual



Meus amigos com licença
Agora me apresento
Pra compartilhar uma idéia
Que não sai do pensamento
Sou formado professor
Sou também educador
Mando agora meu lamento

Formei há três anos atrás
Nessa profissão ingrata
Mas faz mais de 5 anos
Que estou em sala de aula
Enfrento dificuldade
Pra ajudar a sociedade
Que o governante maltrata

Tenho quase todo dia
Estresse, dor de cabeça
Dor nas costas e garganta
Faz que eu quase desfaleça
Mas firme, eu tô de pé
E sempre mantendo a fé
De que o Brasil não pereça

Da minha maneira eu tento
Ajudar o meu país
Faço graça, conto história
Para me manter feliz
Pois creio que a Educação
É a única solução
Pra um Brasil forte e feliz

Mas é uma tarefa árdua
Difícil de realizar
Pois aqui em nosso Brasil
O povo não quer estudar
Embora eu pareça chato
Mas não minto, isso é fato
Em quase todo lugar

Tem dias que a gente tenta
Na sala fazer uma leitura
Para analisar um texto
Suas idéias e estrutura
Ou discutir a História
Coisas da nossa memória
Ampliar nossa cultura

Mas para os nossos alunos
É a maior dificuldade
Não tem nenhum interesse
Não sentem nenhuma vontade
Ir à escola todo dia
Só pelo Bolsa Família
É a triste realidade

Muito embora reconheço
Que não é com todo mundo
Muitos vão porque acreditam
No poder que tem o estudo
Que ajuda, que liberta
Deixando a cabeça aberta
Preparada para o mundo

Mas a grande maioria
É difícil convencer
Quanto mais a gente insiste
Mais ignoram você
Muitos não tem idéia
Mas a situação de miséria
Em que vivem, tem a ver

Na casa de muita gente
É uma pobreza imensa
Falta comida e remédio
Sobra briga e desavença
O ditado já dizia:
Que com a barriga vazia
Nossa cabeça não pensa

O menino sai de casa
Procura coisa melhor
Mas ao chegar na escola
A coisa é bem pior
Professores já cansados
Dão aulas seguindo os passos
Dos tempos da minha avó

Às vezes não é por querer
Que as coisas são assim
A sua própria formação
Muitas vezes é ruim
Em busca do capital
Formam um mau profissional
Pra você e para mim

Por não estar preparado
Pra enfrentar as desavenças
Acaba o professor
Perdendo sua paciência
Perde o amor na profissão
Vira só obrigação
Faz só por sobrevivência

Para não perder o emprego
Bate o ponto todo dia
Apresenta o conteúdo
Mas sem mostrar alegria
Pra o aluno que freqüenta
(e muitas vezes agüenta)
A escola todo dia

Pior é final de ano
No tal conselho de classe
Que obriga o professor
Fazer com que o aluno passe
Menino consegue nota
Mesmo sem que faça prova
Sem que ao menos estudasse.

Mas existe outro discurso
Dos órgãos dessa nação
“Mudaram-se os conceitos
Na nossa avaliação:
Além de ter quantidade
É preciso qualidade
Na hora da aprovação.”

Amigos eu lhes pergunto
Como isso pode ser?
Com todos esses problemas
Como nós vamos vencer?
Não posso aprovar todo mundo
Mas ao reprovar o aluno
Posso meu emprego perder.

Continuo estudando
Em busca de uma resposta
Mas devido à pressão
Faço o que o sistema gosta
Governo faz propaganda
O número não me engana
Já que mudança não mostra

A mudança só virá
Com o trabalho da gente
Investimento real
Homem e mulher competente
Com o esforço da nação
Seriedade e união
Para um país diferente.

Pra você caro leitor
Nesse instante apelo
Que do estudo do seu filho
Cuide com bastante esmero
Seja pai ou professor
É somente com amor
Que o Brasil será mais belo.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ACABARAM AS INCERTEZAS


Acabaram-se as tristezas
Os bandidos foram presos
Não precisa mais ter medo
Acabaram as incertezas

Acabaram-se as dúvidas
Sofrimento e angústia
Dissolvidas na poeira
Acabaram as incertezas

Acabou-se a violência
Os lamentos, as doenças
Só existe a beleza
Acabaram as incertezas




As incertezas acabaram?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

NO CALAR DA MADRUGADA


Sentado à mesa da cozinha, procuro algo a dissertar a respeito.

Tudo é silêncio nessa madrugada buritinense.

Ao longe, ouço o cantar do galo, cumprindo a sua obrigação: a de anunciar que, em algumas horas, um novo dia irá começar.

O que esse dia trará, não faço idéia.

Mais um dia da minha vida. Quantos iguais a mim, sem a mesma visão do mundo, estão nascendo agora?

Quantos iguais a mim, filhos de senhora pobres e lutadoras, que sonham com a chegada de uma criança como um sinal de esperança?

Não faço idéia.

No calar dessa madrugada silenciosa, onde a única coisa que se escuta é o cantar do galo, percebo-me como apenas mais um no meio da multidão.

Cheio de sonhos, embora já bem menos vibrantes.

Cheio de expectativas, embora em menor número que outrora.

Inquieto com as inúmeras possibilidades, tanto de dar certo quanto de dar errado.

Sinto-me pequeno quando me comparo ao tamanho dos meus sonhos.

O homem é do tamanho do seu sonho, disse Pessoa.

Tomara.
No calar dessa madrugada, procuro manter meus sonhos vivos, para quem sabe poder crescer.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Pra repensar atitudes

INVISIBILIDADE

Esse dias tivemos mais uma (mais uma!) triste notícia na TV: o filho de uma atriz global foi atropelado e morto no Rio de Janeiro (o Rio de Janeiro continua lindo.../) Pois é. Filho de gente famosa merece destaque na mídia. Todos os dias repórteres apresentam novidades sobre as investigações, que querem saber: tava pegando racha ou não tava? Crime doloso ou culposo? Porque a polícia não o levou pra delegacia? Pediram propina ou não? Enfim, o bafafá é grande e todo mundo (mais uma vez) só espera que a verdade seja apurada e o responsável pague a pena justa.
A gente só espera.

Agora, devemos considerar o fato de o rapaz ser famoso, pelo menos lá na terra dele. E se fosse você? Ou alguém da sua família? Melhor: e se fosse alguém sem família? E se fosse um "ninguém"? Ora, mas não existe isso de "ninguém", uma voz poderia falar. Se fosse assim, com certeza não teríamos essa divulgação toda, nem essa cobrança. Talvez pelos próprios parentes, mais nada. E que não pode contar nem com eles?

As ruas desse país estão cheias de gente invisível. É, sim. Gente invisível. Elas não são invisíveis porque a gente não as vê, mas porque não queremos vê-las. Os garis, que mantém a cidade limpa. Os mendigos, os trabalhadores, os pivetes que cheiram cola... É só prestar atenção. O trânsito mata gente todo dia, que acabam virando número. Continuam invisíveis pra quem governa esse país. Tem gente também que se faz de invisível pra poder fugir da culpa. Mas aí, quando a TV bate em cima, acaba sendo visto.

Mais um filhinho de papai comete um vacilo e tira uma vida. Dessa vez, pra todo mundo ver. Não tem exemplo que dê jeito a quem não enxerga a si próprio.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

MUNDO DESLIGADO




Antigamente, as pessoas conversavam em casa.
Hoje elas assistem TV.
Antigamente as pessoas liam livros.
Hoje, assistem TV.
Antigamente, alguém te escreveria uma carta de amor.
Hoje ninguém para pra escrever.
Assistem TV.
Antigamente, as pessoas liam jornais.
Hoje vêem a notícia na TV.
Antigamente eu escreveria um poema.
Acho que ninguém iria lê-lo.
Só se ele passasse na TV.

sábado, 10 de julho de 2010

LADAINHA DE CAPOEIRA












Hoje estou muito contente
Hoje é só felicidade
Nós vamos nos reunir
Pra firmar nossa amizade.

Vou jogar a capoeira
ao som de um berimbau
pode ser jogo de angola
pode ser o regional
pois para mim tanto faz
sempre é jogo legal.

O capoeira é ligeiro,
é danado, é arisco
enfrentar o capoeira
é sempre um enorme risco
mas se você se garante
então não dê nenhum pisco

Capoeira colocou
isso no meu coração
sentimento de amor
respeito e consideração
aos mestres do passado
do presente e do porvir
que essa arte brasileira
nunca deixe de existir!

Iê, viva meu Deus...
Iê, viva meu mestre...
Iê, que me ensinou...
Iê, a capoeira...

Salve Mestre Bimba, Mestre Pastinha e todos os capoeiristas do mundo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

DE QUE LADO A MÍDIA ESTÁ?

Acredito que os programas mais educativos (pra não dizer o contrário) que existem na televisão brasileira são os noticiários policiais. É através deles que as pessoas confirmam suas hipóteses sobre como existe humanos maus nesse mundo, que geram medo e insegurança, além do sentimento de descrédito na justiça.

Ultimamente, alguns casos tem ganhado destaque na mídia nacional, como o caso da advogada Mércia Nakashima. A polícia ainda está investigando, mas surgiram vários fatores que comprometem ainda mais o principal suspeito do assassinato, Mizael Bispo, ex-namorado da vítima.
Esse caso é mais uma vez super-explorado pela TV, com reportagens, entrevistas, opiniões de especialistas, etc. Tudo na tentativa de obter audiência, de manipular a opinião pública, de promover novamente (como aconteceu no caso dos Nardoni) os mesmos sentimentos que citei ainda há pouco. Porém, como os Nardoni, todos esperamos que o(s) culpado(s) seja(m) julgado(s) e condenado(s).



Mas um outro episódio me chamou bastante atenção. Não pelo crime, de estupro, que infelizmente é mais comum do que se imagina; mas pelos envolvidos. Dois adolescentes confessaram o crime pelo Orkut e ainda menosprezaram a justiça brasileira. Um é filho de um delegado; o outro, ninguém menos que filho do presidente da emissora RBS, afiliada da TV Globo no sul do país. De uma lado, a Rede Record causou o maior estardalhaço com reportagens nos seus telejornais e com a promessa de acompanhar o caso passo-a-passo até que a verdade seja apurada. Há uma matéria no site da emissora - o R7.com. Segue o link - http://noticias.r7.com/rio-e-cidades/noticias/adolescente-confessa-estupro-pela-internet-20100705.html )
Procurei no site da Rede Globo - G1.com - e não encontrei nada, nem nos teleornais foi divulgado algo (até onde sei).



Não estou aqui querendo julgar ninguém, mas se é pra mostrar a verdade e combater a violência contra o menor, que seja de todos os lados, senão essa guerra nunca vai ter fim. Mas se a intenção é a troca de ofensas entre as emissoras, é uma pena. Vamos continuar desacreditando da justiça.

Pense nisso.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

LAMENTOS DE TORCEDOR



Lamento que o Brasil tenha sido eliminado da Copa. Coisas do futebol.
Muitos culpam Dunga por não ter tirado Felipe Melo, outros culpam o próprio Felipe por não ter se controlado (é a falta de experiência, dizem os mais velhos...). Sentimos falta até do Ronaldinho Gaúcho que, quem sabe, poderia ter entortado as defesas adversárias com seus dribles desconcertantes. O Robinho poderia ter feito isso, mas esquentou a cabeça e mandou todo mundo FUCK OFF! (foi o que entendi pela leitura labial) Teve gente que sentiu saudade do Felipão, do Parreira (do Leão não, pelo amor de Deus...). Pois é: estamos fora. A vida continua.
Mas nem tudo são lágrimas.



Nosostros hermanos que llamam a elles mismos de "la mejor equipe de fútbol del mundo" también están fuera. El Divino (Maradona) está mudo.




LLORA MARICÓN!!!!!

sexta-feira, 2 de julho de 2010

CORAÇÃO TRABALHADOR


Era um coração forte, jovem.
Batia cerca de 80 vezes por minuto.
O ideal.
O sangue circulava normalmente.
Suas artérias eram suas companheiras, facilitavam seu trabalho.
Todos os outros órgãos do corpo o respeitavam.
O jovem coração vivia somente em função do trabalho.
Trabalho. Trabalho, trabalho, trabalho.
No alto de sua inocência, descobriu o amor.
Não agüentou a pressão.
Sofreu enfarto e morreu.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

EMPRÉSTIMO


Dona Maria de Lourdes só queria fazer um empréstimo.

Merendeira de uma escola pública estadual, ansiava por sua aposentadoria. Já tinha dado entrada nos papeis junto ao INSS, mas o processo era lento. Então paciência. Já era a quarta vez que ela ia ao banco. Sempre faltava alguma coisa. Ora era o cadastro que estava desatualizado, ora era algum outro documento, ora era porque o expediente encerrava e não a atendiam. Ela reclamava, xingava (entre dentes) a atendente, o gerente do banco, os guardas, o governador, o presidente.

As coisas estavam cada vez mais difíceis. Ajudava os três filhos. Sabe como é: mãe é mãe. O mais novo, inconseqüente, foi pai aos 17. Estudava (pelo menos isso), mas estava desempregado. Ela quem sustentava.

D. Maria impacientava-se. Já havia duas horas na fila. Demorou, mas chegou a sua vez. A moça do banco analisava a papelada. D. Maria estava nervosa. Tinha que sair dali com aquele dinheiro.

Ainda não fora daquela vez. Faltava uma assinatura. A moça do caixa pediu gentilmente a senhora que viesse no dia seguinte. Mais outra demora, pensara consigo.
Voltou para casa bem mais tranqüila, pois ia conseguir o bendito empréstimo. Pouco importavam os juros abusivos cobrados pelo banco. Ela só queria ajudar os filhos, como toda boa mãe faz.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, discutia-se como aumentar os lucros dos grandes banqueiros internacionais. Tudo regado a caviar e champanhe. Francês, é lógico.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

COPA

COPA.
BOLA
ROLA,
POVO
CHORA.
FORA,
COLA
ROLA.
DÁ UMA
BOLA.
ESMOLA,
NÃO ROLA.
CORPO
ROLA.
POVO
CHORA.
COPA...

quinta-feira, 17 de junho de 2010

É ano de Copa

É ano de Copa.
As pessoas estão muito animadas.
Seu João comprou uma TV, dessas de 29 polegadas.
Nem precisava, a dele é novinha.
Mas é ano de Copa.
A dona Maria vai batizar seu sexto neto com nome de jogador.
O filho, coitado, ainda tá desempregado.
Ela vai sustentar mais um.
Não tem problema.
Afinal, é ano de Copa.
Os craques da seleção vão entrar em campo.
As ruas estão cheias de crack.
A gente até esquece deles...
Os meninos da bola.
Os meninos da rua.
É ano de Copa.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Segunda-feira

Essa semana vi muita coisa acontecer.
Vi o São Paulo vencer mais uma no Brasileiro(!).
Vi uma mancha de óleo destruindo a vida selvagem no golfo do México.
Vi a Dilma e o Serra discutirem mais uma vez sobre quem é o mais habilitado pra governar esse país.
Vi vários casos de pedofilia na Tv, sendo sensacionalisticamente exibidos.
Vi muita coisa.
Vi também a água da chuva caindo no telhado, escorrendo pela calçada, o que me fez lembrar que esse muito que o homem faz é pouco comparado ao que Deus criou...
Ah, e lembrei que hoje é segunda-feira.
De volta ao trabalho. Tenho muita coisa pra fazer.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sonho despedaçado


O rapaz
sonhava
em ir à guerra.
Vislumbrava canhões, granadas, explosões...
Bum! Ratatá! Bum!
Realizou seu sonho.
Foi à guerra.
Quando acordou, estava morto com uma bala na cabeça.

domingo, 16 de maio de 2010

De boa

"E aí, rapaz! Como vai a vida?"
"De boa.
Tirando a situação das ruas da cidade,
as pessoas que passam fome e frio pela calçadas,
o preço da gasolina,
a cotidiano violento das periferias,
o estado lamentável dos hospitais públicos,
a ineficácia da educação no país,
toda a mesquinhez, hipocrisia, egoísmo das pessoas
na corrida desenfreada pelo poder,
o salário mínimo,
a programação da tv e a produção da mídia atual,
com seus modismos supérfluos desprovidos de conteúdos,
tá tudo de boa."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Conectividade

Há mais ou menos uma semana estou em Palmas na tentativa (árdua, diga-se de passagem) de tomar posse para o concurso que fiz para professor da rede pública estadual. É uma peleja: se não falta isso, falta aquilo. Todos os documentos têm que ser assim, blá, blá, blá... Enfim, a velha e chata burocracia.
Pois bem, aproveitei esses dias para dar uma volta pela cidade e conhecer alguns pontos interessantes, como praças, lojas (embora não tenha comprado nada), ruas... e observar também as pessoas. Palmas é uma cidade muito grande, de trânsito louco(!), de vida agitada. Para os padrões das grandes cidades brasileiras, é uma cidade tranquila. Como ainda está em crescimento, tudo fica muito longe: do centro pra casa, passo pelo menos 30 minutos andando de ônibus. Imagina isso a pé (me aventurei a fazer isso)!
Acho que devido a isso, as pessoas ficam muito distantes umas das outras, quase não mantém contato. Muita gente prefere não sair de casa. Aqui no Plano Diretor depois das 8 da noite não há mais ninguém na rua.
Participei de uma audiência pública do MPF, que não foi divulgada pela imprensa e que contou com poucos representantes das comunidades. Uma pena. Percebi que a falta de comunicação aqui é grande.
Agora você imagine: eu venho lá do Bico do Papagaio, uma região praticamente isolada do resto do estado, em que a informação sobre o que acontece na capital é mínima e muitos projetos são aprovados sem que nem a população tome conhecimento. Muita gente aqui na capital não tem noção do que se passa lá.



Aprende a conversar, povo de Deus.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Clímax


Pensativo, ele olha para baixo.
A altura provoca vertigem.
A queda vai ser rápida, questão de segundos.
Inúmeros pensamentos vêm à sua mente.
Ele salta.
A velocidade é impressionante.
Seu corpo em queda livre parece, um jato.
O fim está próximo. "Não vou sentir nada."
Mais alguns segundos e...
Tcháá!
A multidão aplaude. O mais belo salto do campeonato.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Divagações sobre a minha condição humana


Às vezes não sou quem quero
Às vezes não sei quem sou
Às vezes não sou eu mesmo
Eu mesmo às vezes sou.

Às vezes sou um menino
Às vezes, adulto sou.
Às vezes sei meu destino
Outras não sei onde vou.

Às vezes, dou um sorriso
às vezes, choro de dor
Só sei de uma coisa, e digo
Só sei que humano sou.

AHE Marabá: O Bico pode sumir

Leiam esta matéria e comentem
http://www.correiotocantins.com.br/novo/novo/interna.asp?cat=CT%20Online&numero=1667

Confiram esses sons

http://palcomp3.com/parabelo/ - Som pernambucano da Banda Parabelo, do meu amigo Dhiogo Rezende. Muito bom!
http://www.myspace.com/juniorbaladeira - Natural de Ouricuri - PE, Júnior Baladeira une o estilo hip hop à pegada sertaneja, com galopes e bases regionais. Show de bola!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quebra-cabeça


Com 1 ano, sempre tem uma coisa nova.
"Saiu mais um dentinho!"
"Cadê o cabritinho do papai?"
"Ele falou mamã hoje!"

Aos 2 anos, sempre tem uma coisa nova (ou velha) quebrada.
"Esse menino não deixa nada quieto!"
"Menino! Cuidado com a tomada!"
"Essa menina é fogo! Quebrou mais um copo!"

Aos 7, um dente quebrado.
"Brigou na escola, não foi? O que é isso, rapaz?"

Aos 12, 13, 14, 15, 16... quebra a cabeça dos pais com tantas preocupações.
"Isso são horas de chegar, rapazinho?"
"Nota baixa de novo na escola? De castigo!"
"Quem você pensa que é pra me desafiar? Não vai e pronto!"
"Quem mandou pegar o meu carro sem me pedir?"

Aos 18, quebra o gelo.
"Meu filhão vai sair com a namorada! Pode pegar o carro. Mas usa camisinha, tá certo?"
"Parabéns, filhão! Passou no vestibular!

Aos 22, quebra-se o vínculo de criança.
"Papai, o senhor vai ser vovô!"
E lá vai ele quebrar a cabeça agora...