segunda-feira, 29 de abril de 2013

Pelo fim da hipocrisia na Educação

Chegamos à época dos Conselhos de Classe nas escolas públicas tocantinenses. Hora de avaliar o rendimento dos nossos alunos e atribuir-lhes "notas" pelo que fizeram ou deixaram de fazer nos primeiros meses do ano. Confesso a vocês que hoje vivo um verdadeiro dilema e imagino que aconteça o mesmo com muitos colegas de profissão.

A discussão em torno da aprendizagem ainda continua sendo central na educação. Questiona-se a eficácia da prática docente atual - o professor analógico em plena era digital - já que ainda há a resistência de muitos em rever metodologias (são considerados "dinossauros"), além de existir a cobrança dos órgãos legisladores educacionais por resultados positivos, que no nosso caso é a aprovação. Existem "n" outros assuntos inerentes a essa discussão, mas vou pontuar apenas o supracitado.

Vivencio com o passar dos anos na educação uma necessidade quase obrigatória de se cumprir metas, na sua grande maioria ilusórias. Vejo a cada dia que passa o descaso dos alunos com a sua própria formação. A ignorância se perpetua no país e, no entanto, o discurso apresentado pelos comandantes é de que as coisas estão muito bem. Mas quem vive o dia-a-dia das escolas brasileiras sabe que tudo não passa de ilusão. À exceção daqueles poucos estudantes que frequentam a escola com o intuito de realmente utilizar o conhecimento intelectual discutido em sala para seu crescimento pessoal e consequentemente crítico e profissional, sutilmente professores são estimulados a facilitar o "progresso" de alunos que raramente produzem algo em relação às discussões em sala de aula. Muitos deles  - alunos - fazem exatamente o que o sistema espera deles: amparam-se em programas governamentais que garantem benefícios irrisórios, incapazes de suprir suas necessidades básicas; ou na melhor das hipóteses, tornam-se analfabetos funcionais, "sabendo" assinar o próprio nome e conhecendo os números do candidato para as próximas eleições.

É quase unanimidade o discurso que diz que devemos prestar mais atenção a educação, de que há a necessidade de investimento, da valorização do profissional em educação. Por ouro lado, a resistência do poder público em realizar isso ainda é muito grande. Os resultados em exames internacionais ainda são pífios, comparados ao status econômico que o país apresenta junto aos países mais desenvolvidos do mundo. Além disso, mesmo ratificando a importância do estudo para seus filhos, a maioria dos pais aparenta não compreender que educação também sai de casa e portanto, não acompanha o "rendimento" escolar do seu filho, aparecendo na escola unicamente para questionar o porquê de ele não ter conseguido a aprovação. Muitas vezes, na última semana do bimestre, professores dão um "jeitinho" para que a reprovação não aconteça, evitando assim situações desagradáveis ou perseguições políticas.

Eis que surge o dilema: aprovar ou não aprovar? Fazer com que alunos prossigam suas carreiras estudantis sem o mínimo de preparo (quando falo preparo, refiro-me ao conhecimento técnico) para que, se for do seu interesse, enfrentem a vida acadêmica? Como formar cidadãos críticos se, ao proporcionar-lhes a aprovação automática, ponho em xeque o verdadeiro sentido da educação? Não pretendo aqui me apresentar como um mártir ou sabedor de todas as respostas. Apenas apresento-lhes a minha opinião, pois não concordo com as eternas contradições existentes. Desse modo, vejo que a hipocrisia contida nos discursos de quem diz fazer educação só piora o quadro de aprendizagem dos nossos alunos, fazendo que a distante sociedade "justa e igualitária" fique a cada dia mais inalcançável.


sexta-feira, 19 de abril de 2013

Professor?! Ah, não!

É sempre o professor!
É o professor responsável pelo futuro do país,
professor formador de outras profissões,
mestre das letras, artes, ciências,
que conta a história passada e sugere a história vindoura.

É sempre o professor!
É o professor culpado pelo atraso da nação,
professor analógico na era digital,
formador de ignorantes,
mágico dos números que não representam os fatos,
aprovando e perpetuando a desigualdade.

É sempre o professor!
É o professor que dá bronca na futura geração,
que reclama da sua condição,
no meio de dezenas que não lhe dão atenção,
insistindo em acreditar na ilusão,
que às vezes faz por não ter opção.

É sempre o professor que escuta seus alunos dizerem: "Professor?! Ah, não!"